quinta-feira, 31 de maio de 2007

"Mexe nesse time que tá muito fraco..."

Luiz Américo fez parte da minha infância, devo admitir.

Não que fosse fã extremado de suas músicas. Mas sim porque nos programas de TV da época - Chacrinha, Sílvio Santos, Aérton Perlingeiro - lá estava o cantor nascido em Santos com seu indefectível bonezinho, desfilando seus sucessos como "O Gás Acabou", "Casa Cheia" e "Desafio", aquela que tinha os versos iniciais assim:

Quando eu tiver
Com a minha cuca cheia de cachaça
Te arranco dessa roda, te levo na raça
Te pego pra ser dona do meu barracão


Na Copa da França, a Placar lançou um disco chamado "Agita Brasil", com músicas sobre futebol - diversas delas remixadas, como "Aqui é o País do Futebol", "Pra Frente Brasil" e a sensacional "Na Cadência do Samba", tema de abertura do marcante Canal 100. Havia também "Camisa 10", atualizada e que antevia o fracasso da Copa de 1998, na voz de Marcelo D2.

Contumaz pesquisador de velharias na internet, cacei - e encontrei - "Camisa 10" na versão original de Luiz Américo e me divirto - até hoje - com a letra irônica que debochava da seleção brasileira sem Pelé, o grande astro do nosso futebol - e que jogou 18 anos na terra do sambista.

Memória Le Mans - "Fritz d'Orey"

Ferrari de William Sturgis / Fritz d'Orey - 6º lugar nas 12 Horas de Sebring

Conheci pessoalmente o piloto Fritz d'Orey em março último, no autódromo de Jacarepaguá (ou no que restou dele...), por ocasião da rodada dupla inaugural da GT3 Cup Challenge Brasil. Convidado pelos organizadores, ele e Jean-Louis Lacerda Soares ganharam homenagens pelos serviços prestados ao automobilismo.

Depois, nos sentamos e conversamos por uns 15 minutos. Uma entrevista que entrou - em grande parte - no Grid Motor, onde ele contou sua história de piloto, conquistas, perdas e tristezas.

Uma delas, confessou-me, foi nunca ter podido mostrar seu valor como representante do Brasil na Fórmula 1. E tudo porque em 1960, ano em que tinha apenas 22 anos de idade, foi obrigado a encerrar prematuramente a sua carreira.

Naquela época, d'Orey era considerado o mais promissor dos nossos pilotos. Jovem, rápido e competente, vencera os 500 km de Interlagos derrotando lendas como Camillo Christófaro, o "Lobo do Canindé", Celso Lara Barberis e Chico Landi. Foi levado para a Europa em 1959 por Juan Manuel Fangio, que o viu correr aqui e ficou impressionado com sua velocidade e performance.

Ele chegou em 10º no GP da França de F-1, no circuito de Reims-Guex e abandonou em Aintree, na Inglaterra. Em ambas as provas correu com uma velha Maserati 250F. Disputou também eventos de subida de montanha e provas de Fórmula Júnior. Em Messina (Itália), venceu uma corrida desta categoria com um Fiat-Stanguellini, prova em que outro brasileiro - Christian "Bino" Heins - chegou em segundo. Foi aliás a segunda vitória de um piloto do país no exterior desde a conquista do GP de Bari por Chico Landi, onze anos antes.

Fritz fez o GP dos EUA com um Tec-Mec e abandonou logo, em razão de um problema mecânico. Mal sabia ele que seria sua terceira e última prova de Fórmula 1.

E o ano de 1960 tinha tudo para ser promissor, pois assinara um contrato com a Ferrari, para fazer provas de Carros-Esporte, além de desenvolver o primeiro F-1 com motor traseiro, que o fabricante italiano estrearia com pompa em 1961 - quer dizer: d'Orey estava com a faca e o queijo na mão para se tornar piloto oficial da casa de Maranello e quem sabe guiar na categoria máxima com o novo carro.

Em 26 de março, alinhou com William Sturgis para a disputa das 12 Horas de Sebring, numa Ferrari 250 GT SWB (a da foto lá em cima). Chegaram em sexto na classificação geral e quarto na categoria Esporte até 3 litros. Um resultado ultra promissor.

O desafio seguinte seria as 24 Horas de Le Mans. Ele foi inscrito pela equipe Sereníssima, então uma espécie de segundo escalão da Ferrari, com a mesma 250 GT SWB de Sebring. Ele teria como parceiros Carlo Maria Abate e Gianni Balzarini. Mas um acidente grave pôs fim ao sonho.

“Foi no meio da reta, antes da Maison Blanche, meu carro foi fechado por um Jaguar, saiu da pista a uns 270 km/h, bateu numa árvore, de lado, partindo-se ao meio, e eu fiquei jogado no meio do mato, ao lado da pista. Por conta disso passei 8 meses internado num hospital e minha carreira acabou.”

Não faltou gente que noticiasse a morte do piloto brasileiro, que passou dois meses em Paris depois do período de internação. Fritz refez a vida e depois de viver um tempo na França e se aposentar, voltou a morar no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro.

Ferrarista doente, ficou possesso quando Rubens Barrichello deu passagem a Michael Schumacher no fatídico 11 de maio de 2002. E há quem diga que se fosse ele, jamais teria feito tal coisa. Pena que os dados do destino rolaram contra ele, que no próximo ano comemorará 70 anos de vida.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Sofrimento - I


Nas últimas duas horas não desgrudei o olho da telinha.

Fiquei na sala de casa vendo a decisão da Copa do Brasil entre Fluminense x Figueirense.

Adoro ir a estádio, sentir o clima do jogo de perto. Decisão, então, melhor ainda. Mas comprar ingresso de cambista ou entrar em filas quilométricas, não dá. Tenho mais o que fazer. E com o frio e a chuva que tomaram conta do Rio de Janeiro, melhor mesmo ver no conforto do lar.

O Maracanã, com todos os ingressos vendidos - mais de 64 mil - estava lindo, de grená, verde e branco. Havia um trocinho de torcedores do Figueirense nas cadeiras azuis - uns 500 se tanto, querendo e achando que iam fazer barulho.

No primeiro tempo, o empate sem gols foi justo. O jogo não teve brilho: foi amarrado e truncado porque o Figueirense se defendeu - e bem. O time armado pelo Cisco Kid Mário Sérgio tem uma formação interessante: uma linha de três zagueiros, três meias de marcação, dois jogadores de criação, Ruy Cabeção solto para marcar e atacar, e apenas um centroavante: Victor Simões.

O Flu não furou o bloqueio e no segundo tempo é que o jogo pegou no breu. O time adversário obrigou Fernando Henrique a duas boas defesas. Wilson também teve trabalho com algumas jogadas do tricolor. Aí Luiz Alberto saiu com uma lesão abdominal e Fabinho deu lugar a David.

A partida caminhava para um empate murchinho murchinho, até que o destino colocou seus dados pra rolar: Fernando Henrique deu de soco para a entrada da área, Thiago Neves (que sucedeu o inoperante Cícero) perdeu a bola, que foi tocada para Henrique. Este acertou um chutaço e a bola morreu na rede tricolor.

Eu, cá comigo pensei: "vice, de novo, não!" Me veio à mente 1992, Adhemar nos tirando da JH em 2000, o título perdido para o Paulista em São Januário.

Mas eu sou tricolor. Sou brasileiro. Não desisto nunca. E nem Thiago Neves, que aos 43 minutos pegou uma bola na direita, cruzou e Adriano Magrão conferiu.

Um empate salvador e que dá moral ao Fluminense.

E lembro: contra o Bahia e o Atlético Paranaense, foram dois empates no Rio. E a vaga foi conquistada fora de casa, para que o tricolor chegasse onde chegou.

Quarta-feira que vem, AO TÍTULO!

***

Em tempo: no Olímpico, o Grêmio fez o dever de casa. Mostrou quem manda em Porto e fez 2 x 0 no Santos, com gols de Tcheco - de pênalti - e Carlos Eduardo.

Meu palpite: Grêmio na decisão, junto com o Boca Juniors. Alguém capaz de apostar o contrário?

***

Em tempo II: que continuem secando, todos: Flaprensa, a torcida arco-íris e quem não tem mais o que fazer. Quanto mais disserem que o Figueirense é favorito pra quarta, melhor pro tricolor.

Memória Le Mans - "Tragédia"

Em 1955, na 23ª edição da história da prova, Mike Hawthorn e Yvor Bueb chegaram em primeiro com um Jaguar D-Type. A vitória da dupla britânica foi completamente ofuscada pelo maior acidente que aconteceu nas 24 Horas de Le Mans.



Um vídeo de aproximadamente 3 minutos traz cenas vivas de uma tragédia do esporte a motor. Foi a corrida em que o francês Pierre Levegh, que tinha uma pequena experiência de seis GPs de Fórmula 1, acidentou-se com a Mercedes-Benz 300 SLR número 20, que dividia com John Fitch. A colisão com outro veículo, o Austin de Lance Macklin, deu-se na terceira hora de corrida. Depois do choque, a mais de 200 km/h, o bólido de Levegh projetou-se contra a arquibancada lotada e matou 82 pessoas - incluindo o próprio piloto.

As Mercedes de Juan Manuel Fangio / Stirling Moss e Karl Kling / Gilles Simon, que eram companheiros de equipe de Levegh, foram retiradas da prova na 10ª hora de corrida por Alfred Neubauer, o diretor esportivo da marca alemã.

Os ingleses, que nada tinham a ver com isso, seguiram até o fim e por isso venceram. Foi em razão deste incidente que a Mercedes retirou-se por mais de 30 anos do automobilismo até voltar em 1986 associada a Peter Sauber, no Mundial de Grupo C. Diversos países cancelaram eventos automobilísticos naquele ano, como a própria França. E a Suíça, muito embora emprestasse seu nome a duas provas realizadas em 75 e 82 - ambas em Dijon-Prenois, nunca mais sediou corridas automobilísticas em seu território.

...E não deu em nada

Alguém, em sã consciência achou em algum momento que a McLaren seria realmente punida por um suposto "jogo de equipe" por ocasião do último GP de Mônaco?

Cá pra nós, que provas cabais a FIA teria para fazer com a equipe de Ron Dennis o mesmo que aconteceu com a Ferrari há cinco anos?

Naquela ocasião, a descarada ordem de equipe que fez Barrichello, na última reta da última volta, ceder a vitória para Michael Schumacher no GP da Áustria, rendeu uma multa de US$ 1 milhão à Ferrari. (Que como bem lembra o camarada Pandini, na verdade foi pela quebra do protocolo no pódio, quando o alemão trocou de lugar com o brasileiro.)

Bernie Ecclestone falou em "punição severa" para a McLaren, mas a FIA tratou de pôr panos quentes no episódio. Segundo o comunicado divulgado hoje pela entidade, não houve qualquer evidência de manipulação do resultado nas conversas de rádio scaneadas e estudadas pelos observadores da FIA.

Que Lewis Hamilton guiou muito em Mônaco, isso todo mundo sabe. Mas desmerecer a conquista de Fernando Alonso - "a mais fácil de minha carreira", palavras do piloto - é um grandíssimo absurdo.

A Ferrari que tome providências internas e privilegie Massa, se quiser ganhar alguma coisa esse ano. Com 10 pontos de vantagem sobre Kimi Raikkönen, fica notório que a casa de Maranello tem que colocar o brasileiro como número 1, antes que seja tarde demais para uma decisão.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Memória Le Mans - "Jack Bauer à francesa"

Quem gosta de seriados americanos atuais - eu não, porque Friends saiu do ar - sabe por A mais B que o herói de 24 Horas é o personagem Jack Bauer, interpretado por Kiefer Sutherland.

E por que a comparação de um seriado atual com as 24 Horas de Le Mans?

Simples: não só porque o título da série é quase igual ao da clássica prova longa francesa, como também porque um piloto entrou para a história por guiar praticamente sozinho durante a 18ª edição das 24 Horas.

O autor da façanha foi Louis Rosier, que em 1950 - ano da realização da corrida - era também um participante do recém-inaugurado Mundial de Fórmula 1. Aliás e a propósito, o carro inscrito por ele e seu filho Jean-Louis era justamente o Talbot-Lago T26/GS de F-1, com rodas cobertas para atender o regulamento.

Mostrando invejável e inacreditável resistência física para uma corrida tão longa e exigente, Rosier (o pai) exagerou: além de liderar grande parte da prova, esteve ao volante por 23 horas e 50 minutos! Jean-Louis deu só duas voltas e cedeu o volante ao pai para que este terminasse a prova.

Um feito espetacular e raro nos dias de hoje, que não permitem o piloto guiar mais do que 3 horas consecutivas por exigência do regulamento.

Rosier e seu filho venceram a prova com a média de 144,380 km/h (recorde) - percorrendo 3465,120 km no total.

Dindim

Saíram os chequinhos de premiação para as 500 Milhas de Indianápolis. E pelo sexto ano consecutivo, os pilotos todos tiveram direito a uma bolsa superior a 10 milhões de dólares.

O campeão Franchitti, que completou 34 anos no dia 19 de maio (feito o escriba do blog), ganhou de prêmio US$ 1,645,233 - só perdendo para Buddy Rice, que em 2004 faturou cerca de 1,7 milhão.

Entre os brasileiros, o terceiro colocado Hélio Castroneves faturou US$ 646,303, com Tony Kanaan recebendo de prêmios cerca de 415 mil dólares. Vítor Meira, que chegou duas posições adiante do bom baiano, faturou 280 mil. Roberto Moreno, que deu só 37 voltas, ganhou nada menos que 225 mil dólares.

Ah... Milka Duno nem conseguiu o título de Rookie of the year - quem ganhou foi Phil Giebler.

"Eu vou plantar... na sua cabeça"

A música de Minas ganhou grande impulso com Milton Nascimento explodindo no final dos anos 60 no FIC, como já bem dito em outros tópicos. E o cantor / compositor partiu em vitoriosa turnê com uma excepcional banda de apoio - que em 1970 já teria voz própria:

O Som Imaginário.

Formado por Zé Rodrix (órgão e vocais), Fredera (guitarra), Luís Alves (baixo), Tavito (violão), Wágner Tiso (piano) e Robertinho Silva (bateria), o grupo apresentou-se no FIC daquele ano com a canção "Feira Moderna", de Fernando Brant e Beto Guedes.

Daí para estúdio foi um pulo. Os fãs do Som Imaginário garantem que o disco Matança do Porco é o melhor trabalho da banda. Mas uma música - que não é desse álbum - se destaca sobremaneira: a surreal "Cenouras", que tive a oportunidade de ouvir (acreditem) num primeiro de janeiro, há uns 11 anos, depois que a aparelhagem de som da casa onde eu e muitos amigos passamos o reveillón em Petrópolis, foi devidamente levada embora por seu dono.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Memória Le Mans - "O pioneiro"

De hoje, 28 de maio, até daqui a duas semanas, este blog vai fazer um "revival" de fatos, histórias, momentos inesquecíveis das 24 Horas de Le Mans - la plus longue nuit, ou a noite mais longa do mundo - com sua tradição que data de 1923, ano que a corrida realizou-se pela primeira vez.

Graças às interrupções provocadas pela II Guerra, não será nesta vez que acontecerá a 85ª edição da prova, e sim a septuagésima-quinta.

Para começar, vamos prestar uma merecida homenagem ao pioneiro dos pilotos brasileiros na prova francesa: Bernardo Souza Dantas, que disputou ao lado de Roger Teillac a prova de 1935 a bordo de um Bugatti modelo 57. Em 2005, ele deu uma ótima entrevista ao camarada Luiz Alberto Pandini, que você pode rever e conferir aqui, acessando a seção Especiais.

Tédio zero é aqui



Pra quem viu ontem o tédio de Mônaco, uma lembrança incrível do nosso automobilismo, by mestre Joaquim.

Ele garante que estava lá. Eu acredito.

Eis uma prova de rua em Anápolis, interior de Goiás, no ano que não terminou - 1968.

É hora de perguntar: quem seriam os pilotos na foto? E o estranho carro à frente do Fuca?!?

domingo, 27 de maio de 2007

Ah se o Papa souber disso...

O juri oficial do 60º Festival de Cannes entregou neste domingo a Palma de Ouro ao filme romeno "4 meses, 3 semanas e 2 dias" (4 luni, 3 saptamini si zile), de Cristian Mungiu, um impressionante relato de um aborto ilegal na Romênia dos anos oitenta.

O longa-metragem é o primeiro capítulo da "Série: contos da idade de ouro", que o diretor Cristian Mungiu, de 39 anos, tem a intenção de realizar a partir de sua própria experiência na juventude.

O filme narra um aborto praticado por uma estudante que divide quarto com uma amiga em uma cidade universitária. As duas jovens recorrem inocentemente a um "especialista" que as fará viver um pesadelo.

Mungiu opta por uma grande sobriedade narrativa, sem grandes movimentos de câmera, recorrendo a cores fracas, tons cinzentos e esverdeados, uma luz irreal. O resultado parece talhado com um bisturi.

As personagens falam bastante, mas o filme traz também muitas idéias visuais, o conjunto deixa uma sensação persistente de sordidez.

"Uma lei proibiu o aborto em 1966 e o efeito foi imediato, o número de crianças nas salas de aula passou de 28 para 36, as aulas nas escolas aumentaram de duas para dez, as mulheres começaram a recorrer aos abortos ilegais e as estatísticas mostram meio milhão de crianças mortas", explica o diretor.

"Neste contexto, o aborto perdeu qualquer conotação moral e foi entendido como um ato de rebelião e resistência contra o regime comunista", acrescenta Mungiu, premiado em Cannes em seu segundo longa-metragem.Cristian Mungiu é um dos diretores do movimento "Pós-dezembro", que designa o período que se seguiu à queda do regime Ceaucescu, em dezembro de 1989.

Nascido em 1968 em Lasi, Cristian Mungiu estudou literatura inglesa e americana na Universidade de sua cidade natal antes de se formar como diretor de cinema na escola de Bucareste.Primeiro, trabalhou como professor e depois, em veículos de comunicação até 1994.

Durante seus estudos cinematográficos, atuou como ajudante de direção em filmes estrangeiros na Romênia, como os franceses "Capitão Conan", de Bertrand Tavernier, e "Trem da vida", de Radu Milhaileanu.

Uma vez diplomado, dirigiu vários curtas-metragens antes de chamar a atenção com seu primeiro longa, "Ocidente", apresentado na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes em 2002, prenúncio de sua grande conquista no grande festival francês de cinema.

Fonte: UOL

Bravo, Tom Zé!

Da turma da Tropicália, de todos eles apenas um dos integrantes não seguiu uma carreira bem-sucedida depois que o movimento chegou ao fim com as prisões de Gil e Caetano, em 1968: Tom Zé.

Vencedor do Festival da Record no mesmo ano com "São, São Paulo Meu Amor" e intérprete de outras músicas nesse mesmo tipo de evento - onde contou com o auxílio dos Novos Baianos, então um grupo recém-formado - ele não conseguiu fazer a carreira decolar e, redescoberto por David Byrne, do Talking Heads, voltou a fazer parte da mídia.

Tom Zé tem feito nos últimos dez, doze anos, uma boa produção musical, com bons discos e a velha verve de quem - como ele - compôs a jeca "2001", que os Mutantes voltaram a tocar agora com a nova formação, além de "Qualquer Bobagem".

Ou seja, o baiano de Irará nunca foi um zero à esquerda como muitos gostariam que ele fosse. E agora, tratou de detonar em carta aberta publicada na página 2 do Segundo Caderno de O Globo, um dos ícones do movimento tropicalista - Caetano Veloso.

Com excelentes argumentos, Tom coloca abaixo da sola do sapato o recente trabalho "Cê", do conterrâneo nascido em Santo Amaro da Purificação. O irmão de Bethânia e filho de Dona Canô acaba, em quatro colunas de página, saudado como "suicida" e "Quinta Besta do Apocalipse".

Falou o que muita gente nunca teve coragem de falar: do quanto Caetano Veloso é pretensioso.

Bravo, Tom Zé!

Opostos perfeitos

Tive um sábado muito especial.

A convite do pessoal da Porsche do Brasil, fui num "bate-e-volta" para Interlagos, acompanhar a terceira rodada dupla da GT3 Cup Challenge Brasil. De quebra, teríamos corridas e treinos pelo Campeonato Paulista de Automobilismo - e a prova da Super Classic.

A Super Classic é o maior grid hoje do regional, alinhando quase 30 carros em média, por prova. E tem de tudo: Pumas, Chevettinhos, Porsche Spyder, Corcel, Fucas, Fiat 147 e o DKW do Flavinho Gomes, que tem até torcida organizada!
Duvidam?

Então dêem só uma olhada na foto abaixo, onde também estão os confrades Joaquim e Ceregatti e o bravo Veloz-HP, que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, além do Roberto Brandão. Todos estão aí ladeando o Flavinho, que na prova do sábado chegou em sexto na categoria.




Na GT3 Cup, houve vitórias de Tom Valle e Ricardo Baptista, este último líder do campeonato. Na primeira prova, Constantino Júnior precipitou-se ao tentar passar Tom na última volta, quando se dirigiam para a subida dos boxes. Os dois se tocaram e Valle venceu, com Constantino cruzando em segundo e Marcel Visconde no terceiro lugar.

A segunda corrida do programa foi um festival de rodadas e dos 17 pilotos que largaram, seis ficaram pelo caminho. Tom, que trocou de carro em razão da quebra de uma junta homocinética antes do alinhamento para o grid, logo abandonou. Constantino Júnior teve o mesmo problema e se arrastou até o final. Ricardinho Baptista, décimo na primeira etapa, venceu com Marcel Visconde e Clemente Lunardi em segundo e terceiro.

Depois de respirar gasolina e velocidade, rever amigos antigos e fazer novos outros, fui direto pra Congonhas pegar a Ponte-Aérea e voltar para o Rio. Não sei como, de última hora conseguiu um assento num vôo e em 50 minutos já estava em casa.

Aí foi correria: banho, barba, roupa nova, perfume... e festa!

Sim... o aniversário já passou, mas os amigos se reuníram para um festão dos aniversariantes do mês de maio, numa comunidade do Orkut.


Foi mais um momento bacana do sábado, que só terminou lá pras quatro da manhã, depois de muita música, farra, cerveja, coca-cola e mais tudo de bom que a vida proporciona.

Um sábado de opostos absolutamente perfeitos.

Que mais posso querer?

Fim do suplício

Pois é... a corrida recomeçou e tão logo que foi mostrada a bandeira verde, tivemos um porrão entre Marco Andretti (que capotou) e Buddy Rice.

Outra bandeira amarela... falta de luz natural e eis que faltando 35 voltas para as 200 regulamentares, Dario Franchitti é premiado com a vitória na 91ª edição das 500 Milhas de Indianápolis.

Os 10 primeiros:

1. Dario Franchitti
2. Scott Dixon
3. Hélio Castroneves
4. Sam Hornish Jr.
5. Tony Kanaan
6. Ryan Briscoe
7. Scott Sharp
8. Danica Patrick
9. Davey Hamilton
10. Vítor Meira

Tony Kanaan terminou em décimo-segundo.

Indy 500 - post 8

A corrida voltou em ritmo avassalador e houve outra rodada de pit stops em bandeira verde. Depois deles, Tony Kanaan voltou ao comando das 500 Milhas de Indianápolis.

Logo depois, o perigosíssimo Marty Roth, que aos poucos vai perdendo o medo de pisar no pedal da direita, bateu na curva 2 e provocou mais uma bandeira amarela.

São 18h33 (hora local do estado de Indiana) e a corrida só vai terminar, pelo visto, por falta de luz natural. E não está muito próximo disto acontecer.

Dario Franchitti agora está em primeiro e na relargada, Kanaan e Jaques Lazier rodaram na curva 4.

Outro período de neutralização. E haja saco.

Relargou!

Pois é... três horas depois, chuva indo embora, pista seca em tempo recorde, e os pilotos que não bateram - ainda - estão de volta à corrida em Indianápolis.

E logo depois da relargada, Marco Andretti já roubou a liderança de Tony Kanaan.

Porém o brasileiro, numa manobra ousada e arriscada, por fora, já está no comando de novo.

Esse final promete! E no momento a AGR faz 1-2-3: Kanaan, Andretti e Danica Patrick.

Curto e direto

Frase lapidar de Tony Kanaan sobre a bandeira vermelha, que não virou quadriculada. Ainda.

"Se eu fosse americano, encerrariam a corrida".

Sábias palavras.

Neste momento, os organizadores lotam a pista de caminhões com turbinas de helicóptero e outros apetrechos, para secar a pista a tempo de uma relargada para as 87 voltas restantes.

E são 17 horas, hora local.

Só falta quererem terminar a prova à noite. Ou amanhã, que é feriado.

Isso tá cheirando a truta pra brasileiro não vencer...

Aguardemos.

Indy 500 - post 7

Chove!

Ê Luciano do Valle, que boca hein?!?

Depois de 113 voltas, a direção de prova acenou a bandeira vermelha e as 500 Milhas de Indianápolis estão interrompidas.

Tony Kanaan é o líder, com Marco Andretti em segundo, Danica Patrick em terceiro e Vítor Meira em quarto.

Os organizadores vão esperar a chuva amainar até às 16 horas - hora local - para tomar uma decisão.

E pelo que parece, a chuva não vai parar tão cedo em Indianápolis.

Tony Kanaan, o bom baiano, parece que vai tomar o leitinho tradicional e ter seu rosto incrustado no pedestal do Troféu Borg-Warner, oferecido aos campeões da Indy 500.

Ele merece.

Indy 500 - post 6

A cantilena de Luciano do Valle sobre a chuva é impressionante!

Entretanto essa é a hora em que mais o torcedor brasileiro reza pra que ela caia, pois Tony Kanaan, numa manobra perfeita e brilhante, passou Marco Andretti para assumir a liderança da Indy 500 de novo.

Vítor Meira faz corrida espetacular, também: está em quarto, depois de sair em décimo-nono.

E assim que Kanaan passou Andretti, o novato Phil Giebler, da Playa del Racing, estampou seu Panoz no muro de proteção.

Nova bandeira amarela... haja!

Indy 500 - post 5

Durante o período de bandeira verde, não só Sam Hornish Jr., mas também Dario Franchitti e Michael Andretti - ele mesmo, que nunca venceu em Indianápolis, comandaram a corrida.

Em compensação, outro Andretti acaba de ir pro muro: John Andretti, com o carro da Panther.

A bandeira amarela, quinta da corrida (antes de se completar metade da prova) ajuda os brasileiros que estavam em posições intermediárias.

Detalhe: a torcida do Luciano do Valle pela Danica Patrick é irritante.

Detalhe II: a cada cinco voltas ele insiste em dizer que a prova pode terminar em razão da chuva.

Provavelmente é o que a programação da Band tanto sonha, para não atrasar o início da transmissão do Campeonato Brasileiro - que começa em 15 minutos.

Indy 500 - post 4

O pessoal do pelotão de trás continua caindo feito mosca na armadilha do oval de Indianápolis.

Desta vez, a vítima foi a venezuelana Milka Duno - que é mais marketing do que propriamente uma piloto de bom nível.

Ela bateu na 65ª volta e está fora da prova - é a quarta bandeira amarela da Indy 500.

Após a bandeira verde, Sam Hornish Jr. assumiu a liderança, com Dario Franchitti em segundo.

Indy 500 - post 3

Durou pouco o novo período de bandeira verde. Após os pit stops obrigatórios, para reabastecimento de etanol e troca de pneus, a Ganassi - eficiente como sempre - pôs Scott Dixon na liderança.

Mas agora foi a vez de Jon Herb, da escuderia Racing Professionals, estampar seu carro no muro da curva 1.

Pela imagem, o carro dele pegou a turbulência deixada por um adversário - com certeza um dos pilotos da AJ Foyt - e foi direto na mureta de proteção. Os danos não foram extensos e, tal como Roberto Moreno, o piloto não se feriu.

Indy 500 - post 2

Após a remoção do espelho retrovisor de John Andretti, a corrida recomeçou e a brasileirada continuou na ponta, com Helinho e Tony se revezando na primeira posição.

Perto da primeira janela de pit stops, o piloto da Andretti-Green perdeu velocidade em razão da presença de retardatários - e nisso Sam Hornish Jr., com o segundo carro da Penske e Marco Andretti, que é companheiro de equipe de Tony, o ultrapassaram.

Mas Roberto Moreno, que já era retardatário, foi para a "farofa" da curva 1 e na saída da mesma, bateu com o Panoz da equipe Chastain Motorsports no muro.

Fim da linha para o guerreiro Moreno. E bandeira amarela, de novo.

Indy 500 - post 1

Começou há pouco a 91ª edição das 500 Milhas de Indianápolis.

Hélio Castroneves quase que não larga na pole, em razão de um problema de mapeamento de motor. Mas se colocou na posição de honra a tempo da bandeira verde e no início de prova, revezou-se na ponta com Tony Kanaan.

Já houve a primeira bandeira amarela. E não foi por batida. O espelho retrovisor esquerdo do carro de John Andretti (Panther) caiu. Embora o comentarista dissesse que o incidente aconteceu com o australiano Ryan Briscoe, da Luczo Dragon.

Ah... sabem quanto custa um reles espelhinho retrovisor do Dallara da IRL?

Quase o meu salário - US$ 1.500.

Chatice prateada


Tirar o som da televisão não ajudou. Pela primeira vez em 29 anos vendo Fórmula 1, assisti uma corrida com a narração da transmissão da Globo / CBN, com Oscar Ulysses, Celso Itiberê e Lívio Oricchio - que estava em Mônaco. A corrida foi uma chatice, prateada como a McLaren do vencedor e líder do campeonato Fernando Alonso.

Sábias as palavras de Nelson Piquet, que odiava a pista, nunca venceu lá e disse que correr em Mônaco é como dar voltas de motocicleta na sala de estar. A corrida não teve graça nenhuma e Alonso liderou o "siga o chefe" desde o apagar das luzes vermelhas. Lewis Hamilton chegou até a encostar no bicampeão mundial e imagino que Ron Dennis, preocupado, pode ter dado o seguinte recado:

- Se os dois baterem na disputa de posição, você está demitido.

Hamilton, que não é bobo, segue na sua toada. Cinco corridas, cinco pódios, quatro segundos lugares e a co-liderança do Mundial de Pilotos com 38 pontos. Nada mau mesmo para um piloto que, a partir da segunda metade do ano, vai ser cobrado freneticamente (aliás, dizem que já está) para conquistar vitórias. E parece que nada o abala.

Felipe Massa fez o possível. Largou e chegou em terceiro, assim como Giancarlo Fisichella. A BMW de novo pôs seus dois pilotos nos pontos, com Kubica chegando de novo na frente de Nick Heidfeld. A novidade foi Wurz chegando em sétimo com a Williams, bem à frente de Nico Rosberg. E Kimi Raikkönen, que bateu bestamente no segundo nocaute do treino de ontem, foi de décimo-sexto para oitavo, apostando na estratégia de uma parada apenas.

De resto, uma corrida modorrenta, com apenas três abandonos - um por quebra e dois por acidente, no mesmo lugar - subida do Cassino.

A Fórmula 1 merece sem dúvida muito mais emoção num ano que, sem Schumacher, segue marcado pelo mais absoluto equilíbrio entre os primeiros colocados.

***

Por motivos nobres - e óbvios, é claro - não vi a GP2 ontem. Sei apenas que Hugo Chávez está feliz porque seu pupilo Pastor Maldonado venceu de ponta a ponta a 5ª etapa do campeonato. Como previsto, Lucas di Grassi foi o melhor brasileiro, chegando em quinto. O campeonato faz uma pausa de um mês e volta em julho com a rodada dupla da França.
***
Pra terminar: bola fora da matéria encomendada a Cláudio Nogueira, em O Globo, para a página principal e a página 2 do Caderno Ela, destinado ao público feminino. Nela, o jornalista chama Nanica (ops... é Danica!) Patrick, Milka Duno e Sarah Fisher de pioneiras, por correrem juntas hoje as 500 Milhas de Indianápolis.

Pioneiras só se forem correndo juntas, o que aliás já aconteceu na etapa do Kansas da IRL, porque antes delas três já houve duas outras mulheres correndo a Indy 500: Janet Guthrie, nos anos 70 e mais recentemente Lyn St. James, ambas estadunidenses.

Pisada de bola feia, que merece um puxãozinho de orelha. Logo você, Cláudio Nogueira?

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Love Is All?!?

Por um momento lembrei de Malcolm Roberts, o inglês que arrebatou o Maracanãzinho no FIC de 1969 cantando "Love Is All". É porque acabo de ler este e-mail, que reproduzo aqui abaixo.

MALCOLM FOREST NO MISS UNIVERSO
AO VIVO SEGUNDA DIA 28 ÀS 22h00 NA BAND


A voz de Malcolm Forest traduzirá, ao vivo, a transmissão do Concurso de Miss Universo 2007. O tradicional certame internacional de beleza irá ao ar em rede nacional nesta segunda, 28 de maio, a partir das 22h00, pela BAND. O Concurso de Miss Universo 2007 acontecerá na Cidade do México.

Malcolm Forest, além de artista - cantor, compositor, escritor, apresentador -, já traduziu simultaneamente seis edições do Show do Oscar e cinco Grammys para a TV brasileira.


Não posso deixar de perder.

"Forte eu sou... mas não tem jeito..."

A agradável lembrança de Festivais de Música passados - e por favor, deixemos de lado o horrendo "Festival da Música Brasileira", realizado pela Globo para comemorar os 40 anos da emissora - gerou até uma enquete para saber qual canção entre as muitas vencedoras nesse tipo de evento é a melhor dentre todas.

Ali entre as 10, eu tenho minha predileta: "Sinal Fechado", do grande Paulinho da Viola, campeã do último Festival da Record, realizado em 1969.

Mas a melhor de todas em todos os tempos, não foi campeã. Foi vice e a história é longa, por vezes mal-contada.

Isto se deu há quarenta anos, em 1967, no II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Que, por sinal, começou polêmico, graças à interferência do secretário de turismo da Guanabara, Carlos de Laet. Ele cortou três músicas entre as pré-selecionadas pelo comitê de seleção, incluiu outras à revelia dos outros participantes e mais tarde soube-se graças a um detetive contratado pelos promotores do evento que ele fizera isso para favorecer amigos - inclusive uma vizinha de porta, a pianista Carolina Cardoso de Menezes.

Como nomes do naipe de Roberto Menescal e Chico Buarque ameaçaram retirar suas músicas, o secretário de turismo voltou atrás e assim as concorrentes anteriormente eliminadas voltaram ao FIC, que tinha quarenta e seis semifinalistas. Três delas eram de um jovem mineiro de 24 anos, timidíssimo, de Três Pontas, que tinha sido vaiado no Festival da Excelsior um ano antes: Milton Nascimento.

Milton não queria mais saber de festival e suas músicas só foram classificadas porque o cantor paulista Agostinho dos Santos, que adorou seu trabalho e pediu para que o compositor gravasse três músicas para tirar uma - que seria incluida em seu novo disco. As músicas eram "Maria Minha Fé", "Morro Velho" e "Travessia".

Esperto, Agostinho mandou as fitas para a comissão de seleção do FIC - sem que Milton soubesse da artimanha. Augusto Marzagão, o homem-forte do evento, quis conhecer pessoalmente o compositor, mandou passagem e bancou a hospedagem de Milton, que morava na época em São Paulo, para que ele viesse ao Rio. E quando chegou, fez sucesso de cara. Ele teve que tocar "Morro Velho" para Eumir Deodato, Guerra Peixe, Geni Marcondes e muitos outros. Todos choraram... era uma toada lindíssima, uma das mais belas canções de um monstro da MPB que começava a surgir há 40 anos atrás.

Eumir tomou-o pra si como afilhado musical e no Rio, apresentava-o a todo mundo. E começou a elaborar os arranjos de "Morro Velho" e "Travessia", já que "Maria Minha Fé" seria cantada no FIC por Agostinho dos Santos. E deu-se o seguinte diálogo.

- Eumir, quem vai cantar essas músicas? Eu queria que a Elis (Regina) cantasse uma delas, mas a Record não deixa. Me dá uma idéia aí...

- Eu estou trabalhando com você hoje e já comecei a fazer os arranjos. E vou embora para os Estados Unidos, e não é para voltar. Se você quiser que eu faça algum arranjo, é você quem vai cantar.

- Meu Deus do Céu! Não vou enfrentar 20 mil pessoas no Maracanãzinho!

- Não, você tem que cantar. Vou fazer os arranjos para você cantar.

Milton venceu seu medo e, de smoking (que ele comprou fiado dando como garantia as três músicas inscritas por ele no FIC) entrou no palco montado no Maracanãzinho para cantar "Travessia" em 19 de outubro de 1967. Ele se apresentaria logo depois de Agostinho, com "Maria Minha Fé", e como o público aplaudiu sua primeira música inscrita, pensou consigo mesmo: 'Se gostaram de uma, vão gostar de outra'.

Dito e feito. Sua presença atraiu imediatamente o público, que sentiu ali o nascer de um futuro ídolo da música brasileira. Antes mesmo que ele cantasse a primeira frase, foi delirantemente aplaudido. No primeiro refrão, a ovação veio mais intensa e ao final, a consagração.

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar

Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto
Muito tenho pra falar

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedras
Como posso sonhar

Sonho feito de brisa
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho
Hoje faço
Com meu braço o meu viver

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedras
Como posso sonhar

Sonho feito de brisa
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho
Hoje faço
Com meu braço o meu viver


A letra ficou na memória e para a história. Aí fica a pergunta: como "Travessia" pôde perder o título do FIC para "Margarida", canção composta por Gutemberg Guarabyra (aquele mesmo que faria a dupla Sá e Guarabyra) e interpretada por ele mesmo, Gracinha Leporace e o Grupo Manifesto?

Simples: o júri deixou-se convencer pela reação do público, que cantava alegremente a estrofe de fácil assimilação: E apareceu a margarida / Olê olê olâ / E apareceu a margarida / Olê , seus cavaleiros. E também pela presença de Gracinha Leporace, que conquistou muitos corações naquele festival - incluindo o de Sérgio Mendes, com quem se casaria depois.

Ignorando o talento e o brilhantismo de Milton, o corpo de jurados cometeu provavelmente uma das maiores injustiças em qualquer Festival de Música realizado neste país, premiando uma canção pueril e que, na fase internacional do FIC, chegou apenas em terceiro lugar. A campeã foi a italiana "Per Una Donna", interpretada por Jimmy Fontana.

O que se sabe é que nem a Philips, a gravadora de Guarabyra, apostava suas fichas em "Margarida" e a música nunca explodiu. O oposto de "Travessia", que alavancou a carreira de Milton como astro imediato da MPB e muito antes do que se supunha, levou-o a uma bem-sucedida trajetória internacional, que o tornou um dos mais respeitados cantores brasileiros de todos os tempos.

E nem cabe, aqui, qualquer comparação entre Milton Nascimento e Gutemberg Guarabyra. Pois todo mundo sabe que é covardia.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O número dois

A Record apostou numa opção sadia para sua programação e tem se dado muito bem. Reviveu a Turma do Pica-Pau, atração onde o astro maior é a ave atormentada e sacana que desde os anos 40 faz parte do imaginário infanto-juvenil e conquistou gente de todas as idades - eu inclusive, que assisto desenhos até hoje.

Como efeito, o Pica-Pau fez a audiência da emissora decolar. Em números absolutos, é simplesmente o vice-campeão de audiência, perdendo apenas e tão somente para a novela das 19 horas da Globo, Pé na Jaca.

Na terça-feira, dia 22, o desenho teve média de 14 pontos no ibope com picos de 18, deixando o SBT num distantíssimo terceiro lugar, com 9 pontos de média.

E para celebrar, que tal reviver aquele que é talvez o melhor desenho da história da série?

Gritem comigo... MAAAAAAAAAARCHE!

Não sou eu quem estou dizendo...

... mas eu fiquei sabendo por aí que ontem, 23 de maio, foi comemorado o Dia Mundial da Tartaruga.

Os simpáticos répteis realmente merecem tamanha homenagem, porque ajudam e muito na manutenção do ecossistema. E com certeza entre todos os seres vivos, estão entre os que resistiram à pré-história.

Mas aí vem a pergunta que não quer calar...

Quem foi que ontem fez aniversário mesmo?

Desde já adianto que não fui eu (nasci dia 19), embora tenha comemorado com amigos e amigas numa boate do Rio de Janeiro - é... pensam que é só o Romário que tem mais de uma festa?!?

Tias Fofinhas

Roland Orzabal e Curt Smith. Falando os nomes apenas, quase ninguém conhece. Mas os dois formam uma das duplas mais representativas do pop mundial: Tears For Fears, que aqui a gente por pura sacanagem chama de Tias Fofinhas.

Os dois começaram com o grupo em 1983 e atingiram o auge dois anos depois, com o disco Songs From The Big Chair, repleto de músicas que ganharam as paradas, como "Everybody Wants To Rule The World", "Shout" e "Head Over Heels".

Depois de uma turnê bem-sucedida, eles voltaram em estúdio só em 1989, com o disco Seeds Of Love, onde contaram com o auxílio mais do que luxuoso de uma cantora-pianista fantástica: Oleta Adams.

Um dos sucessos foi "Advice For The Young At Heart", que por sugestão da Alessandra Alves, está na área.

Espertalhões

Fraude na IRL, informa o bem-informado site Grande Prêmio, do Flávio Gomes.

Se bem que o amigo Nishan já tinha me alertado da história.

Em Indianápolis, a escuderia Dreyer & Reinbold adulterou seu combustível misturando ao etanol obrigatório este ano por regulamento, água e metanol - que era usado no ano passado. A artimanha foi descoberta pela Honda, que fornece os motores para todos os times da Indy Racing League.

Saldo da brincadeira: uma repreensão pública de Brian Barnhart, descartando que a violação tenha sido "não-intencional" e uma multa aplicada à equipe no valor de US$ 25 mil.

Mais uma mácula numa categoria que só consegue reunir 33 carros na Indy 500 porque Tony George ajuda financeiramente os times pequenos porque, na atual conjuntura, reunir vinte carros já é uma vitória para a IRL.

Em tempo: hoje é o dia do Carburation Day, o último treino livre. E da classificação para a Indy Pro Series, onde o possante Jaime Câmara tenta a segunda vitória dele no circuito oval. A prova é amanhã.

Agora é "à vera"!!!


Bom dia, torcida amiga. Não há como não vibrar. O Fluminense, pela segunda vez em três anos, vai para a final da Copa do Brasil. O adversário da vez é o Figueirense, que mesmo perdendo para o Botafogo por 3 x 1 num Maracanã abarrotado, foi (muito) ajudado pelas infelizes marcações da bandeirinha Ana Paula de Oliveira, chamada pelo dirigente do alvinegro carioca Carlos Augusto Montenegro de "piranha".

Sem tais epítetos e protestos, o Flu chegou com o regulamento embaixo do braço para a decisão da vaga contra o Brasiliense na Boca do Jacaré, com o estádio praticamente dividido entre as duas torcidas. Mesmo levando um gol quase de saída, o tricolor soube reagir, mas enfrentou dificuldades mesmo quando jogou o segundo tempo inteiro com um jogador a mais. Houve bolas no travessão, na trave e boas defesas do goleiro Fernando Henrique.

E houve, também, o gol de Adriano Magrão. Digam o que quiserem: que ele é tosco, limitado, grosso, caneleiro. Mas é inegável que ele tem sido decisivo e em três partidas da Copa do Brasil - as três últimas - fez gol em todas e muito mais do que Rafael Moura o ano inteiro.

Sem Carlos Alberto em campo, Arouca foi o nome do jogo. Ele teve muito mais chance de brilhar, fez um partidaço e o passe decisivo para o gol do tricolor. O camisa 8 do Flu está recuperando a velha forma que pode até o levar a seleção. Potencial ele tem.

E esta classificação muito se deve à vinda de Renato Gaúcho. Perto do que era a equipe com os inaptos PC Gusmão e Joel Santana, o Fluminense é outro: guerreiro, raçudo, com pegada e coração. E para desespero dos lorpas e pascácios (adoro evocar Nelson Rodrigues!), com toda pinta de campeão.

Um narrador da Bandeirantes citou num dos programas da emissora que o caminho para o Flu chegar ao inédito título da Copa do Brasil passava pela demissão de Joel Santana. E foi o que aconteceu.

Sábias palavras.

***

Sobre a decisão, o que posso dizer é que o Figueirense vai ser um adversário tão difícil quanto Atlético-PR e Brasiliense - além de motivadíssimo pela possibilidade inédita de uma Libertadores da América na história do clube, feito que em Sta. Catarina só o Criciúma conseguiu em honrosa presença no já distante ano de 1992.

Agora é "à vera"! E na hora da decisão, eu sou mais o Flusão.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Despontando para o anonimato

A sempre antenada Alessandra Alves deixou quicando e então vou rebater com um post sobre o Festival MPB-Shell de 1981.

Eu assisti o primeiro ao qual ela se referiu, um ano antes, e não gostei nem um pouco da música vencedora, "Agonia", ainda mais com o chato do Oswaldo Montenegro. Eu me amarrava em "Reunião de Bacana", com o grupo Exporta Samba de Almir Guineto, cuja letra tinha a seguinte estrofe:

Se gritar pega ladrão
Não fica um, meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um

Sintomático, não?

Enfim, Oswaldo ganhou projeção nacional, ficou ainda mais chato do que já era e em 1981, a Rede Globo abriu inscrições para mais um festival, agora com patrocínio da Shell. Foram sessenta músicas classificadas, cinco eliminatórias e quatro passavam em cada fase para a finalíssima no Maracanãzinho.

Almir Guineto, que fez sucesso com o Exporta Samba em 80, voltou solo em "Mordomia", de Ari do Cavaco e Gracinha do Salgueiro. E classificou-se para a final na primeira eliminatória, onde uma tal Rosana ganhou como consolação o prêmio de melhor intérprete, além de classificar "Pensei Que Fosse Fácil (Mas Não É)".

Não lembro de nada da segunda eliminatória e na terceira, como curiosidade, um certo Lenine apareceu interpretando a canção "Prova de Fogo", dele e de José Rocha. A música foi eliminada, mas Kleiton e Kledir, irmãos gaúchos que já faziam muito sucesso na MPB, emplacaram "Navega Coração".

A quarta eliminatória revelou um dos grupos mais simpáticos e efêmeros do rock brasileiro: Gang 90 & Absurdettes, com a hilária "Perdidos na Selva" em ótima performance de Júlio Barroso e das meninas May East (May Pinheiro), Lonita Renaux (Denise Barroso, irmã de Júlio), a holandesa Alice Pink Pank e Luíza Cunha, cujo marido, Guilherme Arantes, classificou "Planeta Água", a favorita imediata do público.

Houve também a inacreditável classificação de "Balão", música de Nando e Geraldo Carneiro, interpretada (mal) pela mulher deste último - a atriz Beth Goulart.

A quinta e última fase de classificação teve também Lulu Santos, que cantou e não classificou a ótima "Areias Escaldantes" - vai entender... Enquanto isso, Lucinha Lins levava "Purpurina" para a final. Ela até cantava melhor que Beth Goulart, mas a música não era lá essas coisas.

Em 12 de setembro, numa noite de inverno quase primavera, aconteceu a final. "Perdidos na Selva" foi a terceira apresentada das 20 classificadas, mas desta vez Júlio e as Absurdettes foram mal e a música não levou nada. Beth Goulart foi apupada por um Maracanãzinho abarrotado, que vaiou impiedosamente sua desafinação em "Balão" e na música seguinte cantou em uníssono a "Mordomia" de Almir Guineto.

Quando Guilherme Arantes pisou no palco e tomou assento ao piano, um frisson se elevou no ginásio e a galera foi junto com o cantor, consagrando "Planeta Água" como a grande favorita ao primeiro lugar. As outras músicas passaram batidas ou despercebidas, entre elas "Purpurina".

Então veio o resultado, através dos votos dos jurados, bem como os prêmios de melhor arranjo e intérprete. A menção a Lucinha Lins como a melhor intérprete da final deixou o público com a pulga atrás da orelha. E o resultado final se encarregaria de pôr pra fora a boa e velha vaia que andava longe dos festivais fazia tempo.

"Mordomia" ficou em terceiro lugar e "Planeta Água", a favorita da torcida, foi relegada ao segundo lugar. E quem ganhou?

Pois é, ganhou "Purpurina" e o público reagiu ao estilo dos anos 60 e 70, vaiando e apontando polegares para baixo em sinal de reprovação. Lucinha subiu ao palco acompanhada do então marido Ivan Lins (coincidentemente em 1970 ela esteve com ele no mesmo Maracanãzinho quando Ivan cantou no FIC a música "O Amor é Meu País", vice de "BR-3" naquele ano) e desafinou horrores na hora de reapresentar a música, rejeitadíssima de antemão.

"Planeta Água" tocou horrores nas rádios e se tornou um sucesso. "Mordomia" caiu no gosto popular. "Perdidos Na Selva" e "Areias Escaldantes" viraram hits entre os jovens. Mas "Purpurina", assim como algumas outras vencedoras de festivais - vide "Kyrie", campeã do FIC de 1971 e "Como Um Ladrão", vencedora do Abertura em 1975, despontou para o anonimato.

Ainda bem.

Um militar com vocação para a revolta

Depois da aula de história ministrada pelo amigo Luiz Alberto Pandini em seu blog, me senti meio que impelido a falar de política e políticos, novamente. Mas é por uma boa causa.

Semana passada, por uma ninharia, comprei o ótimo livro Bela Noite Para Voar (Relume Dumará), com textos deliciosos de Pedro Rogério Moreira - que para quem não sabe, foi repórter da TV Globo nos anos 80, passou um ou dois anos na Amazônia e depois foi se juntar a Álvaro Pereira, Carlos Monforte, Marilena Chiarelli e Antônio Britto na trupe de repórteres da cobertura política em Brasília.

Misto de ficção e realidade, o livro relata a paixão do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira pelas viagens de avião. E olha que nem por isso JK foi achincalhado como FH e depois pelo atual chefe de estado, Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo contrário: JK foi cerceado por todos os lados, teve que enfrentar dois levantes - Jacareacanga e Aragarças - e para isso contou com o apoio do Marechal Henrique Duffles Teixeira Lott, tido como um "monstro de honradez" e que foi defensor de primeira hora da legalidade do resultado das eleições que apontaram JK presidente.

Carlos Lacerda, líder da UDN e oposicionista ferrenho primeiro de Getúlio Vargas e depois de Juscelino, tinha um importante aliado em sua briga: o Brigadeiro Eduardo Gomes.

Carioca, nascido em 1891, Eduardo foi um dos integrantes da mal-sucedida insurreição dos "18 do Forte", marco do tenentismo. Sobreviveu ao incrível tiroteio na praia de Copacabana, foi preso e fugiu para o Mato Grosso, onde trabalhou como professor e com nome falso.

Os 18 do Forte: Eduardo Gomes é o primeiro da foto, à esquerda



Ele ainda participou da Revolta Paulista em 1924 e foi preso de novo quando ia se aliar à Coluna Prestes e outra vez em 1929. No fim da década, conspirou contra a Aliança Liberal e foi um dos artífices da derrubada do presidente Washington Luís.

Com Vargas no poder, Eduardo Gomes criou o Correio Aéreo Militar, o posterior Correio Aéreo Nacional, embrião da FAB. Mas com a criação do Estado Novo, em 1937, exonerou-se do comando. Em 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, foi nomeado Brigadeiro, e com esta patente candidatou-se pela União Democrática Nacional (UDN) à presidência da república. Perdeu para Dutra em 1945 e na eleição seguinte para Getúlio Vargas. Seu slogan era absolutamente hilário: "Vote no Brigadeiro: é bonito e é solteiro". Mas Eduardo Gomes era ruim de voto.

Daí em diante, dedicou-se a uma ferrenha oposição ao presidente, tendo Lacerda como um fortíssimo e importante aliado. Os dois conseguiram o que queriam: provocaram o suicídio do presidente e com Café Filho no poder, o Brigadeiro voltou ao Ministério da Aeronáutica.

Em 1956, ele foi vice na chapa de Juarez Távora pela UDN e foram derrotados por JK, numa eleição onde concorreram também o folclórico Adhemar "rouba mas faz" de Barros e o integralista Plínio Salgado.

Eduardo Gomes não sossegou o facho enquanto Juscelino esteve no poder e quando João Goulart assumiu a presidência após a renúncia de Jânio Quadros, conseguiu articular o golpe militar de 1964, conhecido por todos como "A Redentora". Francamente, redentora do que, eu não sei.

Ele ficou por mais três anos como Ministro da Aeronáutica, no governo Castello Branco, a UDN virou ARENA com a extinção do pluripartidarismo em 1966 e Lacerda, seu fiel aliado, ironicamente foi cassado pelos militares. Reformado, Eduardo Gomes afastou-se da vida pública e morreu em 1981, aos 84 anos de idade, em seu apartamento no Flamengo.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Vraiment Incroyable!!!!


Graças a um justíssimo argumento - meu 36º aniversário - não vi o GP da França de Motovelocidade ao vivo e por isso não pude comentar no blog sobre a quinta prova da MotoGP.

E como dizem os franceses, une course incroyable (uma corrida inacreditável), especialmente nas primeiras voltas. O pole Colin Edwards, verdadeiro fogo de palha, sumiu. Valentino Rossi fez o que não é normal: assumiu a liderança. Alexandre Barros passou de 13º para quarto em uma volta. E para pasmo geral, Randy de Puniet (Kawasaki) e Sylvain Guintoli (Yamaha), que saíram entre os últimos, fizeram o que parecia impossível: colocar dois franceses nos dois primeiros lugares!

O sonho durou pouco, pois Guintoli caiu primeiro - e voltaria para chegar num honroso nono lugar - e depois foi a vez de Randy de Puniet se esborrachar no asfalto que àquela altura não estava mais úmido como no começo - já estava molhado, encharcado.

De acordo com a regra, os pilotos podem trocar de moto durante a corrida e foi o que todos os que sobreviveram ao caos das primeiras 10 voltas o fizeram. Aí a sorte sorriu para o australiano Chris Vermeulen, que do 12º posto no grid chegou à liderança e de lá não saiu mais.

A turma da Bridgestone deitou e rolou no asfalto molhado e foi deixando o multicampeão Valentino Rossi para trás. O italiano da Yamaha amargou a sexta posição e soltou cobras e lagartos para cima da Michelin, pedindo providências no sentido de um pneu de chuva mais competitivo. Ou seja: o sexto lugar teve gosto amargo e, pior do que isso, Casey Stoner chegou em terceiro, ampliando a vantagem que era de 15 para 21 pontos para cima de Valentino.
E eis que Vermeulen, o outsider e sem dúvida o piloto no qual a Suzuki menos apostava suas fichas, venceu pela primeira vez para a marca japonesa na MotoGP - e foi o primeiro triunfo desde o título de Kenny Roberts no já distante ano de 2000. Sete anos quase, portanto.

Como diz o título do post, vraiment incroyable!!!!

domingo, 20 de maio de 2007

Moreno, o pequeno grande guerreiro


Em 29 anos acompanhando automobilismo, primeiro como torcedor e depois como profissional, nunca vi um piloto tão batalhador e guerreiro quanto Roberto Pupo Moreno.

O "Baixo" já correu de tudo nessa vida - do kart à Fórmula 1, nas melhores e piores condições que um piloto deve enfrentar. Nunca fez carreira no Brasil - dos micromonopostos, se mandou para a Europa em 1979 e mesmo sem qualquer patrocínio vultoso, mostrou garra, talento e muita, muita dedicação.

Tamanho empenho lhe valeu postos preciosos, como o de piloto de teste de lendas do automobilismo como Lotus e Ferrari e a chance de bater os maiores pilotos da F-1 nos anos 80 numa prova de Fórmula Atlantic realizada na Austrália.

Moreno venceu também o GP de Macau, a Fórmula 3000 Intercontinental, dividiu pódio com o velho amigo Nelson Piquet, ganhou provas na CART, teve reconhecimento como super sub (Super Substituto) pela capacidade de se adaptar a qualquer tipo de carro, circuito e circunstância.

Por isso, nesses últimos 28 anos, foi tão requisitado por inúmeras escuderias nas mais diversas categorias do automobilismo.

Querem outra prova do seu valor?

Na quinta-feira, dia 17, o francês Stephan Gregoire treinava - e bem - com o Panoz Honda da equipe Chastain Motorsports, visando a classificação de sábado para as 500 Milhas de Indianápolis. De súbito, ele perdeu o controle do carro na curva 2 e bateu.

Saldo da pancada: fratura na T3 (terceira vértebra cervical), internação no Hospital Metodista de Indianápolis e fim do sonho para ele.

Tom Chastain, dono da pequena escuderia, não teve dúvidas: procurou Moreno, convidando-o a assumir o volante do carro azul, número 77 - sem qualquer inscrição de patrocínio. O brasileiro estava em Indianápolis para supostamente guiar o carro de uma equipe que estava inscrita e sequer apareceu (Cabble) e aproveitou a estada para assistir aos treinos. Foi sua sorte, pois Tom o convenceu a ficar mais uns dias no circuito.

Vale lembrar que hoje Moreno tem 48 anos de idade e não se convoca um piloto para qualificar um carro apenas por seus belos olhos. Chastain sabia que podia contar com Moreno para o que desse e viesse.

O brasileiro fez o molde do banco e ontem travou o primeiro contato com sua nova barata. E após umas poucas voltas, foi para as quatro que determinariam sua posição no grid. E com um agregado em torno de 216 mph, Moreno conseguiu o 31º lugar no pelotão de 33 carros - em torno de uma milha e meia mais veloz que Jimmy Kite, o último colocado até então.

Veio o Bump Day neste domingo, para definir o grid. Richie Hearn, outro veterano, entrou na pista com o Dallara da Racing Professionals / Hemelgarn, inscrito de última hora, e cravou 219.860 mph, jogando Kite para a "bolha", que é como os americanos chamam o processo de eliminação.

Phil Giebler, que depois de três ótimas voltas no sábado bateu e perdeu a chance de qualificação, entrou com o Panoz da Playa del Racing na pista. E não decepcionou: foi mais lento que a sua média de ontem, mas com 219.637 mph, classificou-se e obrigou Jimmy Kite a tentar de novo. Além disso, Moreno foi para a "bolha", com o pior tempo dos 33 classificados.

Equanto Kite e PJ Jones não extraíam velocidade de seus carros, o brasileiro partiu para o tudo ou nada: abortou sua volta do sábado e foi para uma nova tentativa de qualificação. E num desempenho extraordinário para quem teve apenas um dia e meio de acertos, virou 220.299 mph, batendo os tempos de Hearn e Giebler e garantindo-se na 31ª posição do grid. E com um carro construído em 2003!

Marty Roth, o perigoso canadense, ficou na "bolha" e na última meia hora o drama tomou conta do circuito de Indianápolis. Kent Baker, chefe da equipe Leader-Doolander, retirou PJ Jones do treino sob lágrimas, lamentando não poder dar ao filho de Parnelli Jones um carro à altura da homenagem ao velho campeão da Indy 500.

E Jimmy Kite, que jamais virou voltas acima de 218 mph nos treinos, ainda foi para a pista tentar o impossível - eliminar Marty Roth do grid. Como na sua primeira volta rápida, andou apenas em 215 mph, o piloto da Geórgia ficou de fora da prova.

Roberto Moreno, emocionado, chorou com Tom Chastain comemorando sua terceira presença nas 500 Milhas. Oito anos depois de andar com um G-Force da extinta equipe Truscelli, o "Baixo" que correra também em 1986 pela Galles, está de volta!

sábado, 19 de maio de 2007

36 mil km rodados

Mais um aniversário. O dia está chegando ao fim e hoje, com minha família, comemorei a nova idade num almoço que durou quase a tarde inteira.

O tempo passa e a gente continua numa boa. Afinal, velhos são os trapos.

E nem tenho como ou a quem agradecer a dádiva de ser como e o que sou, ter amigos tão bacanas quanto os que eu tenho e pessoas tão legais à minha volta, capazes de me mandar mensagens emocionadas e outras divertidíssimas, daquelas de arrancar gargalhadas.

Ah! E parabéns principalmente à minha mãe, que me aturou todo esse tempo e tem uma paciência infinda com esse filho que ela colocou no mundo para entender e saber o quanto ela é especial.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Outro camaleão

Existe alguém tão camaleão quanto Joe Jackson na música pop dos últimos 25 anos: trata-se de Ric Ocasek, fundador, cantor e compositor no lendário grupo The Cars.

Como artista-solo, gravou sete álbuns - o último em 2005 e desde 1988, quando o seu antigo grupo chegou ao fim, Ocasek passou para "o outro lado do balcão", tornando-se um respeitado e requisitado produtor de grupos das mais variadas vertentes - do hardcore do Bad Brains, passando pelos punks do Bad Religion, os indies do Weezer (nos multiplatinados álbuns Blue e Green) e até o Hole de Courtney Love, viúva do Kurt Cobain.

Será que o Ocasek ganhou auxílio-insalubridade pra aturar aquela maluca?

Certo é que ele também pode se chamar de um homem de sorte, pois é casado há 18 anos com a checa Paulina Porizkova, que surgiu nos anos 80 como um furacão no meio das top models e até fez par com Tom Selleck num filme que de vez em quando desponta nas reprises da vida. Os dois se conheceram exatamente na gravação do clipe de "Drive".

Não por acaso, o maior sucesso do The Cars no Brasil e talvez a maior "bola dentro" do camaleão Ocasek, na música e fora dela.

Os "Art Cars" estão de volta

Quem é da antiga - eu não sou, mas conheço - sabe que há alguns anos, a BMW teve uma série de "Art Cars" com pinturas idealizadas por Alexander Calder e também pelo mestre da pop art Andy Warhol. Um conceito interessante e diversificado dentro da mesmice monocromática do automobilismo.

Desta vez, a Creation Autosportif, equipe inglesa que participa de provas de Endurance na categoria LMP1, reviveu o conceito, encomendando a nova pintura de seu protótipo a um artista plástico neozelandês - Mark Olsen.

E o resultado está aqui abaixo, na pintura Children of Le Mans.


O novo Creation CA07 e sua pintura diferenciada


Sem dúvida um visual diferenciado, no qual o Brasil inclusive foi lembrado - pela presença do país no calendário da Le Mans Series com as Mil Milhas, em novembro. Na reprodução abaixo, notem a última figura com chapéu de tucano. Pois é: é a alusão do artista a esta terra.


Por enquanto, o carro não traz sequer a marcação para nos números - obrigatórios numa prova de longa duração. Os pilotos já foram definidos: o inglês Jamie Campbell-Walter, o japonês Shinji Nakano (que correu na F-1 e na ChampCar) e o boliviano - que corre com licença suíça - Felipe Ortiz.

Os três começam os trabalhos de desenvolvimento do carro no teste coletivo das 24 Horas de Le Mans, no próximo dia 3 de junho, disputam a clássica corrida longa nos dias 16 e 17 e depois seguem com o calendário da Le Mans Series até a derradeira prova, no Brasil.

Quando o humor era menos apelativo...



Não se faz mais humor como antigamente e a prova está nesse vídeo do Mussum armando uma "pindureta" na companhia do não menos saudoso Tião Macalé (Nojento!), tricolor de quatro costados.

Vejam o vídeo inteiro e divirtam-se!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O campeão do povo


Esta foto está no blog do Pandini e em alguns mais cujos links você encontra aqui do lado, mais abaixo.

Mas não dá pra resistir. É a prova irrefutável do quanto o canadense baixinho homenageado na semana passada por este blogueiro era um cara querido. Tão querido a ponto de alguém rasurar um comunicado oficial de imprensa da Honda para colocá-lo no patamar que Gilles Villeneuve merecia ter alcançado na carreira.

Assim como Ronnie Peterson, Patrick Depailler, François Cévert e tantos outros, alijados por circunstâncias semelhantes ou ainda piores que as do ídolo-mor da Ferrari. E não me venham dizer que apesar de seus sete títulos, Michael Schumacher é o número um no coração dos tiffosi. O alemão ainda teria um páreo duríssimo contra nomes do calibre de Ascari, Fangio, Gonzalez, Lauda e muitos outros.

Gilles, o campeão do povo!

A vida com novos olhos

Lembro bem de um dia, quando eu e minha mãe voltávamos do Centro da cidade, quando ela me perguntou se eu reconhecia à distância uma pessoa que estava na porta do nosso prédio. Imediatamente falei um nome e ela disse:

-Ih menino, você errou feio. Tá precisando de óculos!

Aos 11 anos, sem dúvida era uma das piores coisas que podiam acontecer. E o exame constatou o que era óbvio: astigmatismo e miopia. Ou seja: uma ligeira deficiência visual para enxergar de longe e de perto.

Confesso que odiei a minha situação e de ser chamado de "quatro olhos" e "cegueta" - quando somos pré-adolescentes, não gostamos de qualquer coisa que nos chamem e óbvio que eu não era exceção. O primeiro óculos foi devidamente destruído em menos de dois anos e a armação seguinte foi daquelas de aro grosso, de "tartaruga".

Detestei ainda mais ser míope. O conjunto da obra não era harmonioso e, mesmo não me achando feio, nenhuma menina queria sair comigo e isso me deixava chateado, claro. Parte da culpa também ficava por conta dos papos de automobilismo, mas a minha sorte é que tenho uma cabeça ampla para discernir as coisas e buscar novos horizontes, novos assuntos.

Os interesses em música, cinema, cultura, foram aumentando com o tempo. Na época do antigo "Científico", o 2º grau, já me achava menos idiota para a vida e não ligava mais para meus óculos horrorosos.

Mas a ficha caiu de novo quando fui estagiar na Globo, há uns nove anos e uma repórter (Monika Leitão), hoje produtora do Esporte Espetacular, me sugeriu pelo menos voltar a usar lentes - ou trocar por uma armação mais, digamos, leve.

Foi o que fiz. Alternava as lentes com uma armação mais bacana, mas ainda longe do ideal. Para variar, não me entendi com as lentes de contato e nunca mais as usei. Em 2004, acho, descobri que já estava com 3,5 graus de miopia e aí parti para uma armação beeem mais leve e simpática.

E passei a ver a vida com novos olhos. A achar que óculos é um negócio interessante - desde que sejam bem-feitos e com um visual mais clean.

Hoje fui buscar a nova armação e estou me sentindo ótimo. Não enxergo arranhões, pontinhos estranhos, aquelas coisinhas chatas que às vezes embaçam a vista. Sinto-me ótimo. E mais uma vez vejo a vida com novos olhos, pensando no quanto passa rápido a porra do tempo: no fim do ano, completo Jubileu de Prata como "quatro olhos".

E acho graça disso tudo.

O primeiro jacaré abatido

Seguindo a lógica de que a semifinal da Copa do Brasil é um jogo de 180 minutos, vamos à análise pura e simplesmente do primeiro jogo em que o Fluminense abateu também o primeiro jacaré que vai enfrentar neste confronto que leva à decisão.

Linda a festa da torcida, maravilhosa, aliás. Cantamos como há muito tempo não via. E isso tudo é reflexo da fase do time. Bastou a equipe correr mais, mostrar garra, disposição em campo, e a torcida compareceu. Pagantes, mais de 31 mil. Presentes, no barato, uns 35 mil. E não tinha promoção de R$ 1, como no jogo do Botafogo na última semana.

O Flu começou agressivo, com pegada e deixando o Brasiliense sem ação. Mas aí um erro capital - aliás, dois - em saída de bola precipitou o que a nação tricolor não queria ver. O adversário tomou conta da ação, trocou passes e Rafael Toledo fez 1 x 0.

Diferente de outros jogos, não houve cabeça baixa. E sim vontade de reagir. Bravíssima atitude de Thiago Silva, que ao fazer o gol do empate botou a bola embaixo do braço, mostrou o escudo, gritou, xingou, o cacete a quatro. Mostrou que o time estava "ligado" e queria vencer.

Com raça e pura técnica - chutando com a parte de fora do pé, num golaço - Alex Dias decretou a virada e o Flu saiu pro intervalo com o 2 x 1 no placar.

A postura de agressividade, que rendeu no início do primeiro tempo, voltou a mesma no segundo e como efeito, Adriano Magrão (que ganhou corinho de "é seleção" - pois se até o merda do Obina 'não é melhor que o Eto'o', como diz a mulambada?) raspou de cabeça e fez o terceiro do Flu.

Aí o Jacaré resolveu assustar. Teve bola no travessão depois de cobrança de falta e um gol, anotado por Warley, que o Fluminense não deveria ter levado - mas mereceu porque falhou na marcação e deixou o adversário tocar a bola à vontade.

O problema é que eles, como o tricolor, têm uma zaga fraquíssima. E Marcelão meteu o mãozão na bola. Pênalti bem marcado pelo (péssimo) árbitro Héber Roberto Lopes - e ele é da FIFA... será que o Gérson deu nota zero pra ele na resenha da Rádio Globo?

Enfim... Carlos Alberto cobrou... e perdeu!

Só que Héber mandou voltar a cobrança. O goleirinho Guto se adiantara no lance e malandramente deu um passo á frente pra defender.

O mesmo Carlos Alberto, com frieza, bateu no mesmo canto (o goleiro, adiantou-se de novo!) e fez o quarto.

A torcida continuou jogando junto com o time e por pouco Thiago Neves não fez o quinto, o que nos daria um sossego muito maior do que o placar final de 4 x 2.

Mas está de bom tamanho. Humildemente, vamos dizendo de cara que o Brasiliense tem o fator campo agora a seu favor e pode tentar reverter a desvantagem. Conseguir, será outra história, até porque a nação tricolor vai jogar junto de novo e muita gente vai pra Boca do Jacaré ver o segundo animal abatido no confronto contra os candangos.

***

PS.: vejo o seguinte resultado da Libertadores - Defensor 2 x 0 Grêmio. E fico pensando:

Será que o tricolor dos pampas vai fazer o mesmo papel que fez o Urubu?

A conferir na próxima superquarta!

Saudações tricolores.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Aposta

A escolha da BMW em tirar Sebastien Vettel dos treinos livres de sexta-feira cai como uma luva para a Red Bull de Dietrich Mateschitz.

O jovem piloto alemão, de 19 anos de idade e contratado pelo austríaco dono da bebida energética do touro vermelho, está dando expediente na World Series, mas não será nenhuma surpresa se na segunda metade do ano ele der as caras novamente na Fórmula 1.

A equação é simples: a Scuderia Toro Rosso, em um ano e meio de existência, marcou apenas um único ponto com Vitantonio Liuzzi, no ano passado, numa corrida (GP dos EUA) onde metade do grid foi eliminada em pataquadas promovidas por Juan Pablo Montoya e Christian Klien. O mesmo Liuzzi é veloz, porém esta característica fica em segundo plano quando se sabe que em corrida ele não demonstra a mesma inteligência.

Sobra então Scott Speed, que até hoje não fez jus ao investimento e - cá pra nós - não desperta nenhum interesse no fã estadunidense e no mercado da terra de Tio Sam, onde a F-1 é vista como um alien que veio pro espaço.

Além disso, seu desempenho é risível e pouco acrescenta ao crescimento da escuderia. Em 22 corridas, nenhum resultado prático, nenhum ponto conquistado.

Então não é difícil apostar: Sebastien Vettel entrará na vaga de Scott Speed na Toro Rosso, ainda neste ano.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Chamei o síndico

Sebastião Rodrigues Maia, ou apenas e tão-somente Tim Maia foi o pai do funk-soul brasileiro e até hoje as novas gerações lhe pagam tributo.

Esta mesma molecada que pouco conhece de suas músicas e muito de suas histórias, terá bem mais a saber graças a Nelson Motta, que está finalizando a biografia do Síndico, com pelo menos 500 páginas impressas e prevista para setembro.

Enquanto não nos deliciamos com as pérolas de Tim, que morria de medo de altura e não dispensava um cigarrinho de maconha já no café da manhã, que tal curtirmos um clássico de seu repertório - Cristina.

A última enganação de John McDonald

John McDonald esteve na Fórmula 1 como dono de equipe em duas oportunidades - fracassando em ambas - e por um triz, não comandou uma terceira enganação: a Trussardi.


O carro da foto acima é um Benetton B186, que receberia o nome da marca italiana de jeans, co-patrocinadora da Arrows na temporada de 1987. Em associação com o consórcio japonês Middlebridge, que depois deixaria sua marca nas hoje extintas equipes Onyx e Brabham, McDonald queria alinhar dois carros para Emanuele Pirro e Aguri Suzuki, com motores Megatron - que eram os BMW de quatro cilindros em linha.

A FIA, de olho na falcatrua, vetou o uso do chassi antigo da Benetton e a equipe jamais saiu do papel.

Em contrapartida, McDonald conseguiu fazer surgir sua equipe, a RAM, em dois momentos distintos: o primeiro em 1976, com velhos chassis Brabham BT44 e pilotos pagantes, como Loris Kessell, Lella Lombardi, Jac Nelleman e outras sumidades. O projeto não durou nem um ano.

Em 1981, ele reativou o nome March e com ele retornou à F-1, correndo naquele primeiro ano com Derek Daly e Eliseo Salazar. No ano seguinte, Raul Boesel foi um dos engambelados pelo dono da escuderia, que em 1983 transformou a March em RAM. Seus carros normalmente se classificavam da 20ª posição para trás e em 1985, ainda conseguiram alguns resultados razoáveis em treinos graças ao talento de Manfred Winkelhock, que morreria em Mosport numa prova do Mundial de Marcas.

Nos testes de Jacarepaguá, a RAM ainda fez uma última tentativa com Mike Tchackwell visando o Mundial de 1986, mas a equipe não tinha mais dinheiro e foi obrigada a encerrar suas atividades.

Após o malogro com a Trussardi, McDonald aventurou-se como chefe da equipe Superpower na Fórmula 3 e na F-3000, antes de ser nomeado team manager da Brabham em 1991. Foi o último suspiro dele na categoria máxima.

O dia em que a Tyrrell quis ser Lotus


Repare bem na foto acima: é Jackie Stewart andando com um carro-reserva, daí o 5T na lateral da Tyrrell. O modelo é o 006, campeão em 1973 com o escocês. Mas há uma sutil diferença em relação ao modelo original, cuja frente era da chamada "linha limpa-trilhos".

É o bico dianteiro em cunha, com dois spoilers laterais lembrando vagamente o que Maurice Philippe fizera a mando de Colin Chapman no projeto da Lotus 72. Derek Gardner era um desenhista muito competente, mas o carro não teve o rendimento esperado no teste. Stewart também não gostou do comportamento do chassi e a tentativa foi considerada infrutífera.

Na corrida em questão, acredito que seja o GP da Holanda, em Zandvoort, a Tyrrell foi mais Tyrrell do que nunca e, como já falei, Stewart fechou o ano com o título da temporada de 73.

Com o carro aqui, abaixo.

O "Fusca" vai bem, obrigado

A Fórmula 1 anda para trás.

Querem uma prova? Basta comparar a perfomance dos carros da categoria máxima com a GP2, na primeira pista européia da temporada: Barcelona.

Mesmo com uma chicane que aumentou a pista para 4.655 metros de extensão, o avanço técnico dos monopostos do campeonato de acesso da F-1 é evidente. O melhor tempo no grid, de Timo Glock, foi 6"292 mais lento que o da pole de Felipe Massa. É uma diferença de 2"864 em relação ao ano passado, que traduzida em quilometragem significa que a cada 10 voltas percorridas, os GP2 ganharam 1,6 km em relação à F-1. Ano passado, a pole position cravada por Nelson Ângelo Piquet foi 9"156 pior que o melhor tempo de Fernando Alonso, numa pista que tinha 4.628 metros e evidentemente era muito mais rápida.


O Dallara de Jimenez: a GP2 se aproxima da F-1. É mole?

E estamos comparando dados e desempenho de um campeonato onde as equipes mais ricas investem somas vultosíssimas, ao redor de US$ 700 milhões/ano na F-1 contra US$ 8 milhões/ano na GP2. A GP2 não realiza testes semanalmente, tem apenas treinos coletivos determinados pelos organizadores, anda 45 minutos de treino livre e depois meia hora de qualificação, antes de suas provas.

Tem mais: a GP2 hoje usa pneus slicks, tem motores padronizados (Renault-Mecachrome) com potência de cerca de 600 HP, câmbio seqüencial com acionamento paddleshift - por borboleta atrás do volante - e efeito-solo, o que é vantajoso no equilíbrio em curva.

A F-1 tem carros com motores V-8 de 2,4 litros e potência de 800 HP a 19 mil rpm, pneus com frisos horizontais diminuindo a área de contato com o solo, controle de tração, câmbio semi-automático e um refinamento aerodinâmico constante e fora do comum.

Diante de tamanha comparação, é como se a GP2 fosse um Fusca e a F-1 um Mercedes último tipo. Só que "o Mercedes último tipo" precisa urgentemente de se reinventar - não pela aerodinâmica, mas pela parte técnica, sem controle de tração, com câmbio manual e a volta dos pneus lisos.

Só assim o abismo para a GP2 pode aumentar e, enquanto isso, "o Fusca" vai bem, obrigado.

22 garantidos


Inevitável falar das 500 Milhas de Indianápolis num blog que dedica grande parte do seu espaço ao automobilismo - mesmo não gostando da IRL, das transmissões feitas pela Band e do fato da categoria só ter mais carros justamente na principal prova do ano do que em qualquer outra do calendário.

O grande problema da IRL, além do pedantismo do seu fundador Tony George, vem dos últimos anos, onde a categoria passou por um período de altos investimentos que encareceram os custos, deixando as equipes ricas cada vez mais ricas e os times pequenos cada vez mais pequenos. Não foi à toa que nos últimos anos as escuderias "de garagem" fecharam as portas e outras razoáveis, como a de Adrián Fernández, preferiram ir para outras categorias, como a American Le Mans Series.

Para piorar, a IRL tornou-se praticamente monomarca de chassi, sendo que o motor é o mesmo para todos - Honda - e os pneus também, da Firestone. Os Panoz, usados até o ano passado, voltaram na Indy 500 porque ainda sobraram alguns chassis da marca que hoje está na ChampCar.

Isto posto, os times menores fizeram suas tradicionais inscrições e graças à eles haverá mais carros para disputar vagas e uma possibilidade de existir um ou mais pilotos desclassificados das 500 Milhas. A 91ª edição da prova já tem 22 pilotos assegurados - onze no sábado e outros onze ontem, com Scott Sharp registrando o melhor tempo do dia. Vítor Meira, que no pole day abortou sua tentativa, garantiu-se na sétima fila com o 19º tempo.


Sharp: o mais veloz do domingo

Agora, no próximo sábado, haverá a definição das onze vagas restantes. Pilotos como Jimmy Kite, Jon Herb, PJ Jones, Stephan Grégoire, o bicampeão da Indy 500 Al Unser Jr. e a venezuelana Milka Duno ainda não estão garantidos. E os três últimos terão esforço extra no domingo, quando acontece o Bump Day, sempre de contornos dramáticos tanto para quem se qualifica nos estertores e principalmente para os que ficam de fora.

Não é novidade

O intrépido Ivan Capelli (não o simpático piloto italiano que passou por Tyrrell, AGS, March, Ferrari e Jordan), que também tem um ótimo blog sobre automobilismo, provou em mais um post sobre o fim de semana do GP da Espanha que não é novidade uma corrida ter a transmissão interrompida no meio para a exibição de outro evento. Ou então não ser mostrada na íntegra porque havia Olimpíada e Copa do Mundo no mesmo horário.

Querem saber que corridas foram essas? É só espiar aqui mais uma "Capellada" do Ivan que vocês verão o que ele está falando.

Freando a Alonsomania

Os jornais exaltam, com toda razão, a vitória de Felipe Massa no GP da Espanha de Fórmula 1. Mas foi uma corrida chata do início ao fim, face o regulamento burro que não permite ultrapassagens e define as coisas no treino de sábado ou, dependendo da ótica, na primeira curva de cada circuito.

Foi assim em Barcelona, onde Massa deixou o lado de fora para o espanhol Fernando Alonso tentar a sorte na primeira curva. E o piloto da McLaren bem que arriscou. Mas viu que se forçasse de forma desnecessária, acabaria de imediato com sua corrida. Resultado: Massa dividiu duramente a curva, pensando "aqui não!" dentro do capacete. E não arregou para o bicampeão, que saiu pela terra e caiu para quarto, reclamando depois que chegou à curva 1 antes do brasileiro e de um toque que teria danificado seu carro.

Lógico que o viés da imprensa espanhola é totalmente diferente e, para os fanáticos Alonsomaníacos, o veredito para Massa é um só: culpado. Mas ele fez o que tinha que ser feito e na mesma situação posso garantir que qualquer outro piloto agiria igual a ele.

Daí em diante, com exceção de uma ou outra briga no pelotão intermediário e algumas quebras - previsíveis como as de Webber e Trulli ou inesperadas, como a de Raikkönen - a corrida foi tediosa.

Só se salvaram da pasmaceira a Red Bull, que conseguiu com David Coulthard um importante e encorajador 5º lugar, depois de um bom rendimento do RB3 nos testes lá mesmo em Barcelona. É o tipo da situação onde já se sente a influência positiva do genial Adrian Newey, engenheiro-chefe da equipe.

E a Super Aguri, que em menos de um ano e meio de F-1 já marcou seu primeiro ponto! Aliás, nada surpreendente nisto em razão do potencial de Sato e Anthony Davidson. E foi o japonês quem conseguiu tal feito, colocando os nipônicos como o 77º time a figurar entre os pontuados na categoria máxima.

Isto prova que a Honda, apesar de uma razoável performance na qualificação, ainda encontra um problema sério: o famoso "problema de junta".

Junta tudo e joga fora.

domingo, 13 de maio de 2007

Muito prazer, meu nome é Erasmo

Mais de uma vez foi dito em entrevistas nas revistas da vida que Erasmo era melhor como compositor do que seu eterno parceiro e "amigo" RC.

Concordo plenamente. Não foi à toa que ele despertava em André Midani, o presidente da Philips que revolucionou o mercado fonográfico nacional, um interesse muito maior do que seu parceiro, que nos anos 60 já se consolidara como ídolo da juventude.

Afinal, Erasmo Esteves, nascido e crescido na Tijuca e amigo de Tim Maia e Jorge Ben, que conhecia da Rua do Matoso, era o autor de Minha Fama de Mau e da espetacular Sentado à Beira do Caminho, que em sua voz ganhou a interpretação definitiva.

O outro Carlos demorou para cortar o cordão umbilical que o separava do parceiro e consolidou seu trabalho na gravadora que o acolheu, depois de tentativas infrutíferas na RGE. Erasmo nos brindou com músicas como Panorama Ecológico, a divertidíssima Coqueiro Verde e esta aqui debaixo, Cachaça Mecânica - que narra as desventuras de um bebum durante um carnaval que termina (mal, é claro) para o personagem citado.